É seguro voar?
É mais seguro voar do que se locomover em terra firme?
Se você não possuir suas próprias asas, bem provável que para voar, terá que usar uma aeronave né😊!!
Fazendo um google, para responder ao título do artigo, pelo menos em 16/03/2021 obtivemos mais de 86 mil respostas e o meio de transporte aéreo se destaca como sendo um dos mais seguro, se não o mais.
Sendo assim, seria muito interessante se conseguíssemos fazer uma análise exploratória das ocorrências aéreas aqui no Brasil e confirmar com dados essa hipótese.
No Brasil, existe um orgão do Comando da Aeronáutica responsável pelas atividades de investigação de acidentes aeronáuticos da aviação civil e da Força Aérea Brasileira, o CENIPA.
Segundo o orgão,
“é da análise técnico-científica do acidente ou incidente aeronáutico que se retiram valiosos ensinamentos. Esse aprendizado, transformado em linguagem apropriada, é traduzido em recomendações de segurança específicas e objetivas para os fatos analisados…”
Então nosso objetivo é (i.) buscar os dados das ocorrências aéreas, (ii.) compreendé-los e (iii.) preprará-los no propósito de construir um Dashboard , usando apenas Python com a biblioteca Streamlit
, que permitirá dar interatividade para usuários das informações obtidas.
O código completo utilizado no presente artigo está disponível no meu portifólio do Github.
Obtenção dos dados, nossa matéria prima!!
Os dados para a presente análise, foram extraídos do repositório da CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), são de domínio público e fazem parte do projeto Opendata AIG Brazil.
Constam nesta base, ocorrências aeronáuticas notificadas ao CENIPA, dos últimos 10 anos (2010–2020) que ocorreram em solo brasileiro. São resguardadas a privacidade de pessoas físicas/jurídicas envolvidas conforme previsto pela Lei de Acesso à Informação (Lei n° 12.527, de 18 de novembro de 2011).
As informações estão contemplados em 3 tabelas. Sendo assim, iremos realizar um processo de ETL, para obter um dataSet com as informações necessárias para o dashboard. Esta manipulação foi feita com base no modelo de dados da instituição.
Agrupamos as tabelas, conforme a primary key
. Realizamos a seleção de atributo, renomemos os atributos. Após indicamos um formato dateTime
para atributo de tempo, por fim, obtemos nossos dados finais para explorar.
Usando o Pandas Profiling
no intuito de obter uma visão geral dos dados e obter uma conciência situacional ao longo dos 10 anos (2010–2020) de ocorrência investigada pelo Cenipa, temos as seguintes informações:
Foram registrados ao longo dessa década 5.953 ocorrências, sendo que um pouco mais da metade foram classificadas como incidentes:
As cidades que mais tiveram ocorrências aéreas estão na região Sudeste do Brasil:
Tipo de aeronave avião é o que mais registrou ocorrências na década analisada.
Das ocorrências investigadas pelo Cenipa, dentre as 32 possíveis classificações que o orgão categoriza a fase de operações em que a aeronave envolvida na ocorrência, estava se submetendo, cerca de 48% das ocorrências foram classificadas em (1°) Pouso, (2°) Decolagem e (3°) Velocidade de Cruzeiro.
Cada aeronave possui um registro junto a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) o qual indica a finalidade daquela aeronave. Dentre as ocorrências invesigadas pelo Cenipa cerca de 30% foram aeronaves registradas como particular, seguido por cerca de 20% por aeronaves com finalidade do segmento regular. Após o gráfico, segue uma breve explanação de cada tipo de segmento da aviação civil brasileira.
- PRIVADA TPP -> aeronaves utilizadas para serviços realizados sem remuneração, em benefício dos proprietários ou operadores, compreendendo as atividades aéreas de recreio ou desportivas, de transporte reservado ao proprietário ou operador, de serviços aéreos especializados realizados em benefício exclusivo do proprietário ou operador, não podendo efetuar quaisquer serviços aéreos remunerados.
- REGULAR TPR -> aeronaves utilizadas para serviços de transporte aéreo público, realizado por pessoas jurídicas brasileiras, por concessão e ediante remuneração, de passageiro, carga ou mala postal, de âmbito regional, nacional ou internacional.
- INSTRUÇÃO PRI -> aeronaves utilizadas apenas na instrução, treinamento e adestramento de voo pelos aeroclubes, clubes ou escolas de aviação civil proprietárias ou operadoras da aeronave, podendo ser usada, ainda, para prestar tais serviços à pessoal de outras organizações sob contrato aprovado pela ANAC.
- TÁXI AÉREO TPX -> aeronaves utilizadas para serviços de transporte aéreo público não regular de passageiro ou carga, realizados por pessoa natural ou jurídica brasileira, autorizada, mediante remuneração convencionada entre o usuário e o transportador, visando a proporcionar atendimento imediato, independente de horário, percurso ou escala.
- AGRÍCOLA SAE-AG -> Serviço Aéreo Especializado Público (SAE), compreendem: fomento ou proteção da agricultura em geral; provocação artificial de chuvas ou modificação de clima.
- EXPERIMENTAL PET -> aeronaves visando à certificação na categoria experimental.
Os dados também mostra registro de fatalidades registradas ao longo desse período analisado (2010–2020), indicando que ocorreu 882 vítimas fatais dentre as ocorrências, ao lado podemos identificar a quantidade de fatalidade por tipo de operação da aeronave.
Colocando uma lupa nesses dados, fatiando por ano, no intuito de verificar a média diária de ocorrência aérea, identificamos que entre os anos de 2010 à 2020, os anos que mais teve ocorrências foi entre 2012 e 2013.
Usando período de dias do ano civil (365 dias) podemos identificar a média diária de ocorrências aéreas. As maiores médias diária observadas foram nos anos de 2012 e 2013 com respectivamente 1,86 e 1,81 média ocorrências diárias. No ano de 2020 a média de ocorrências aéreas diária foi de 1,50.
Ainda analisando o ano de 2020, os meses que maiores incidencias de ocorrência foram janeiro e dezembro, com 62 e 57 ocorrências, respectivamente.
Ainda, no base nos dados do ano de 2020, observa-se, no mapa de calor, a região Sudeste concentrando as ocorrências investigadas pelo Cenipa.
Antes de caminharmos para conclusão gostaria que você navegasse no dashboard interativo que criei, como forma de visualizar de forma dinâmica e compreender as informações filtradas para cada ano do período analisado (2010–2020).
Enfim, para chegar a conclusão de que o transporte aéreo é o mais seguro, vamos compará-lo com média de ocorrências diárias do transporte terrestre. Para tal, tomamos como premissa as informações do DPVAT, que assegura a indenização de danos pessoais causados por veículos automotores, temos:
Ao logo de 2020 foi registrados 310.710 ocorrências no âmbito do transporte terreste, que resulta em uma média diária de 851,3 ocorrências terrestres…. contra 1,50 ocorrência aérea… diferença é nítida…. então, respondendo ao título desse artigo.. sim voar é bem mais seguro que se locomover em terra firme.
E olhando esses números das ocorrências terrestres, essa disparidade nos deixa uma reflexão enquanto usuários de transporte terrestre para que possamos ser mais responsáveis e reduzir esse número…
Espero que tenham gostado!! e não deixem de navegar no dashboard interativo… caso tenham sugestões pode entrar em contato comigo…